(Pág. 2) Capitulo 1 - Deixa tocar.. Só por hoje.

Capítulo 1

Deixa tocar.. Só por hoje

- "Bom dia meus pestinhas lindos, gordos, lindos e fofinhos!!". Nos seus dias mais negros, angustiados, e assombrados, bastavam 10 minutos da companhia deles que um sorriso rasgado logo aparecia! Tornaram-se o seu refúgio, o seu pequeno gigante mundo. Assim que a ouviram caminhar pelo corredor, o cantarolar dos seus 5 porquinhos da Índia fez-se ouvir pela casa toda. Oh, e como ela adorava o cantarolar deles! Dirigiu-se à cozinha, ligou a máquina de café, preparou a chávena, e colocou a cápsula. Virou-se depois para o frigorífico, de onde retirou um pimento verde, cortou aos pedaços pequenos e virou-se novamente para a máquina do café. Carregou no botão, e viu cair para dentro da pequena chávena, o seu "néctar dos deuses", como gostava de chamar. A máquina parou, e ela pegou na sua chávena de café, a primeira de algumas, e no pimento que acabara de preparar e dirigiu-se à sala de estar. Pousou a chávena na mesa em frente ao sofá, e dirigiu-se para junto do "Loft" que construira para os seus pestinhas. - "Serviço de quartos"! Com direito a pequeno-almoço na cama!". Ergueu a sua chávena no ar e exclamou em tom divertido: - "Bom apetite meus pestinhas! Para vocês e para mim!" Deu o primeiro gole, e fechou os olhos enquanto sentia o liquido que ela tanto venerava escorrer-lhe pela garganta em direção ao estômago vazio, mas ainda assim sem fome, fingindo naquele segundo em que os seus olhos se fechavam, que o seu mundo era perfeito, e sem brechas. Brechas à espera da oportunidade perfeita, do mais pequeno baixar de guarda, para que toda a "fundação" construída à pressa possa ruir. Abriu os olhos e disse em voz alta, o que se tornara o seu mantra matinal e noturno: - "Os meus ossos estão partidos. E foram colados. Por mim. E não mais se iram partir." E quando o nó se formou na garganta novamente, cerrou o maxilar terminando: - "Hoje não! Porque hoje eu estou mais forte que ontem!". Bebeu o resto do café, colocou a chávena na cozinha, e abriu as cortinas para deixar entrar os primeiros raios de sol, e fechou e estore por causa do calor enquanto pensava: - "Bem vamos ver quantas horas vai durar o sol, se é que não vai desaparecer na próxima meia hora". Regressou à casa de banho do seu quarto, escovou os dentes, e dirigiu-se ao quarto. Dirigiu-se à cama, pegou na gravata, e olhou perdida à espera de respostas. - "Bemmmm, isto hoje promete!". Abriu a porta do armário e atirou a gravata lá para dentro. - "Gravata com blusa decote meia lua!!?? Realmente iria ficar uma brasa!". Colocou um colar de prata com uma estrela no pêndulo, brincos a condizer, e o seu relógio favorito. Um misto entre o clássico e o moderno, grande, com bracelete preta em pele, pelo qual se apaixonou quando o viu por acidente numa montra pela altura do Natal, e o qual decidiu oferecer a si própria como prenda por ter sido uma boa menina. - "A beleza está nos detalhes. E este é o meu detalhe!" Calçou umas botas em pele pretas, leves e frescas, com salto de 8cm, meio cano, polidas, e perfeitas para dias como este em que estava previsto uma mistura de temperaturas amenas com chuva forte. - "Se isto é o inicio do Verão, prevejo que o pico será uma bela tela... Borrada com lixívia!" Colocou desodorizante e perfume, o mesmo que usava há anos e que não se cansava de usar. Olhou-se uma ultima vez ao espelho, acenou em confirmação a si própria que gostava do que via, olhou as horas e viu que eram horas de sair para poder chegar à hora que pretendia. Fechou o estore, abriu a janela e dirigiu-se para a sala. Colocou a documentação na qual estivera a trabalhar na noite anterior dentro da sua pasta. Dirigiu-se ao "Loft", e serviu os seus pequenos com feno, comida seca, e água fresca. Os cinco colocaram-se alinhados à espera do habitual mimo de despedida e um a um foram saindo, voltando-se para o segundo pequeno-almoço depois do mimo recebido. Pegou na sua pasta, mala, telemóvel, chaves de casa e carro, deu uma ultima vista de olhos, como sempre fazia, em jeito de inspeção, e fechou a porta atrás de si.

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